segunda-feira, 23 de maio de 2016

Osteoartrite asséptica em cavalos atletas


As artropatias em cavalos atletas decorrem a maioria das vezes por estresses mecânicos gerados por movimentos repetitivos da articulação durante performance desses animais, sendo de modo geral, as articulações intertársica, tarso-metatársica e metacarpo-falangeana as mais acometidas.
A etiologia da osteoartrite, inicia-se com a instalação de processo inflamatório articular, onde se pode ter alteração da composição do líquido sinovial, já que tal processo promove o aumento da quantidade de fibrinogênio e leucócitos, enquanto que a viscosidade do líquido diminui, predispondo a lesões nas cartilagens articulares.
 Devido a presença exagerada de proteínas, ocorre um desequilíbrio osmótico, diminuindo a absorção do líquido sinovial e com isso propiciando o aparecimento de efusão articular.
Apesar dos inconvenientes dos corticosteroides, caso não haja infecção, a utilização desses, associado ao ácido hialurônico, administrado pela via intra-articular, aparece como a formula mais utilizada para o tratamento de cavalos atletas, onde visando resultados no menor tempo possível, complementa-se a terapia, com uso de antiinflamatórios não esteroidais e glicosaminoglicanos como o sulfato de condroitina pelas via endovenosa e intramuscular respectivamente. Repouso é essencial durante o tratamento, que pode contar ainda com duchas frias em casos agudos, e aplicação tópica de pomadas heparinóides associadas ao DMSO, para aliviar sinais e propiciar bem estar físico ao animal.

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Ozonioterapia em equinos

O uso do gás oxônio como medicamento ativo no tratamento de variadas afecções que acometem os equinos tem se tornado cada vez mais frequente, devido a sua eficiência clínica, baixo custo de investimento e manutenção e facilidade de aplicação.
Através de um cilindro de oxigênio e um compressor ozonizador, é promovida a saída de uma mistura do O³ com o O² por uma via que pode ser acoplada à bolsas de soro (infusão endovenosa), seringas com sangue do paciente (auto-hemoterapia), ou ao meio que se deseja “ozonizar” para se introduzir no animal. Podendo ainda o ozônio ser exposto diretamente a lesões sob a forma de gás.
O tratamento com ozônio medicinal, caracteriza-se por aumentar o aporte de oxigênio a todas as células do organismo, favorecendo assim a oxigenação e a respiração celular. Também facilita e estimula a circulação do sangue, tem efeito bactericida, fungicida e de inativação viral, estimula a produção de interferon, interleucina, e fator de necrose tumoral, aumenta a saturação de oxigênio no sangue circulante e tem efeito anti-inflamatório importante.
Devido a essas características, na clinica equina, o ozônio tem sido utilizado como terapia suplementar nos tratamentos de laminite, anemias, cólicas clínicas, ou recuperação nas cirurgias de cólica, manejo de ferimentos e variadas reações inflamatórias como a metrite pós-parto, e segundo variados estudos e relatos, a ozonioterapia tem se mostrado muito efetiva em todas as suas aplicações, aumentando cada vez mais a abrangência do seu uso pelos veterinários dedicados à hipiatria.

 

domingo, 1 de maio de 2016

MORMO



O Mormo ou lamparão, é uma doença infecto-contagiosa causada pelo Burkholderia mallei. É uma doença de caráter agudo ou crônico que acomente principalmente os equídeos, podendo também acometer o homem, carnívoro e pequenos ruminantes, eventualmente.
            Foi descrita pela primeira vez no Brasil em 1811, introduzida provavelmente por animais trazidos da Europa. Após um período de aproximadamente 30 anos sem registros da doença no país, Mota et al (2000), detectaram a doença nos estados de Pernambuco e Alagoas, caracterizando a “reemergência da doença”.
A contaminação acontece pelo contato com material infectante (pus, secreção nasal, urina ou fezes). O agente penetra por via digestiva, respiratória, genital ou cutânea (por lesão). O germe cai na circulação sanguínea e depois alcança os órgãos, principalmente pulmões e fígado.
            Na forma aguda, os sintomas apresentados pelos animais são: febre, prostração, fraqueza e anorexiaanorexia; surgimento de pústulas na mucosa nasal que viram úlceras profundas que geram uma descarga purulenta, tornando-se sanguinolenta posteriormente; formação de abscessos noslinfonodos linfonodos, podendo comprometer o aparelho respiratório surgindo dispnéia. Já a forma crônica localiza-se na pele, fossas nasais, laringetraquéia,, pulmões (evolução mais lenta do que a aguda); a localização cutânea pode ser similar à aguda, no entanto mais branda. A mortalidade dessa doença é muito alta.

 Os animais suspeitos devem ser isolados e submetidos à prova complementar de maleína, sendo realizada e interpretada por um veterinário do serviço oficial. Também é feito o isolamento da área que contém animais doentes, sacrifício destes animais positivos, cremação dos corpos dos infectados, desinfecção das instalações e todo o material que entrou em contato com os doentes. Deve também ser feito um rigoroso controle do trânsito de animais entre os estados e internacionalmente, com apresentação de resultados negativos de testes realizados até, no máximo, 15 dias antes do embarque dos animais.


quarta-feira, 20 de abril de 2016

Anemia infecciosa eqüina (AIE)



A anemia infecciosa eqüina (AIE) é uma doença infecto-contagiosa, causada por vírus do gênero Lentivirus, da família Retrovírus, quando o animal é acometido não há perspectiva de cura. É caracterizada, principalmente, por períodos febris, anemias, hemorragias puntiformes embaixo da língua, inchaço no abdômen, redução ou perda de apetite, depressão e hemorragia nasal. A doença afeta também os asininos (jumentos e jumentas) e muares (burros e mulas).

O vírus da AIE, também conhecida como febre dos pântanos e AIDS eqüina é transmitido por meio de sangue de um animal infectado, através da picada de mutucas e das moscas do estábulo, podendo ocorrer também através do uso compartilhado de materiais contaminados, como agulhas, aparadores de cascos, sonda esofágica, esporas, etc. É possível a transmissão através da placenta, do colostro e do acasalamento (THOMASSIAN 2005).

O diagnóstico da AIE é feito através do teste de Coggins ou Imunodifusão em Gel de Agar (IDGA), em que as amostras colhidas pelo médico veterinário segue para o laboratório, onde são feitas as análises.  Se caso positivo, o animal devera ser isolado e posteriormente sacrificado, a propriedade ficara interditada e todos os animais devem ser reexaminados pelo teste de sorológico. É importante ressaltar que cavalgadas e vaquejadas são considerados de alto risco para a disseminação da doença, caso ocorram sem critérios sanitários.

A prevenção é feita através de medidas sanitárias, como a eliminação dos animais infectados, atenção para não fazer uso de instrumentos contaminados e rígido controle de insetos, impedindo assim a transmissão da doença.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Osteodistrofia fibrosa (Cara inchada)

A cara inchada é consequência de um estado nutricional deficiente em cálcio (Ca), que pode ser primária, quando decorrente de uma baixa ingestão desse mineral na alimentação do animal, obrigando o organismo a mobilizar o Ca depositado nos ossos, ou secundária, quando se tem uma dieta muito rica em fósforo (P), e o organismo retira Ca dos ossos para manter o equilíbrio metabólico de Ca:P.
Outros fatores que podem levar a osteodistrofia fibrosa, são a ingestão de Brachiaria decumebens como alimento volumoso, e a deficiência de vitamina D, por insuficiente irradiação solar ultravioleta na pele, em animais estabulados. Deficiência de cobre, ou envenenamento crônico por esse elemento, também são importantes no desencadeamento dessa doença. 
Os sinais são menos acentuados nos animais adultos do que nos jovens. Classicamente, os ossos do animal afetado estão comumente “moles”, esponjosos e deformados devido a perda mineral de Ca, principalmente na cara, onde a crista facial e osso maxilar apresentam-se salientes, proporcionando o aspecto característico da “cara inchada”. Em casos mais graves, pode haver também engrossamento dos ramos horizontais da mandíbula. Os dentes, podem se desgarrar do alvéolo, e propiciar instalação de alvéolo-periostite, além disso, esses animais estão muito propensos à fraturas graves principalmente em ossos longos e coluna vertebral.
Para tratamento dessa enfermidade, deve-se regularizar o metabolismo mineral do animal acometido, principalmente o equilíbrio Ca:P. Para tal, deve-se de imediato, suspender o fornecimento de alimentos ricos em P, (principalmente milho e farelo de trigo), e alimentar o animal apenas com pastagens de boa qualidade. Paralelamente, pode-se injetar uma vez ao dia 0,5 ml/Kg de solução a 10 % de cálcio IV, e no sal mineral ou concentrado vitamínico, pode ser adicionado 30 a 50 g de carbonato de cálcio ou fosfato bicálcico ao dia.
A chances de recuperação aumentam quando o tratamento é instituído precocemente, portanto, a identificação rápida do problema, para rápida correção é muito importante nesses casos.

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Entrópio


Entrópio é a inversão da margem palpebral para dentro do olho, permitindo que os cílios e o pêlo das pálpebras entrem em contato com a córnea e a conjuntiva, o que pode levar a ulceração corneana e descarga ocular purulenta (SLATTER, 1998).

Devido ao entrópio causar danos no globo ocular, os sinais que observamos em animais com essa enfermidade são epífora, blefaroespasmo (contração da pálpebra), inversão do bordo palpebral, edema local e secreção mucopurulenta. Esses fatores são de fácil observação, e o diagnóstico é feito facilmente por inspeção direta.

A contração do musculo orbicular reflexa a uma irritação contínua no olho, pode acarretar num ENTROPIO ESPÁSTICO em animais de qualquer idade. Essa afecção geralmente é unilateral, e o tratamento desse tipo de entrópio, quando recente, é baseado na remoção do agente causador na irritação, e na eversão dos pelos para fora do olho com suturas de colchoeiro das pálpebras ou bloqueio do nervo palpebral (FRASER, 1996).

Todavia, a negligencia em não tratar o entropio espástico faz com que o mesmo permaneça por algumas semanas, o que pode levar a afecção a se tornar permanente, exigindo uma correção cirúrgica, através de um  procedimento de baixa complexidade  (técnica de Holtz-Celsus), que consiste na excisão de uma prega de pele em forma de meia lua a 2 ou 3 mm da margem palpebral seguida de sutura convencional.
 

quinta-feira, 10 de março de 2016

METRITE CONTAGIOSA EQUINA

A metrite contagiosa equina (MCE),é uma infecção causada pela bactéria Taylorella equigenitalis. Foi descrita pela primeira vez em 1977 no Reino Unido, porém em 1988 foi diagnosticada nos EUA em garanhões importados da Europa. Devido essa doença causar grandes perdas econômicas, os EUA impuseram uma regulamentação de importação que requer quarentena de cavalos importados de países não listados como livre da MCE.
O garanhão é portador assintomático e, portanto é considerado a principal fonte de infecção. A transmissão se dá principalmente através do coito, podendo ocorrer também por inseminação artificial ou por vetores mecânicos. A bactéria pode persistir por meses ou anos no smegma do prepúcio e na superfície do pênis (principalmente na fossa uretral).
Já as éguas desenvolvem sintomatologia 10 a 14 dias pós-cobertura, apresentando desde uma endometrite leve até uma secreção mucopurulenta severa e infertilidade temporária. A prole de tais gestações podem ser contaminadas durante a passagem pelo canal do parto. Esses potros tornam-se portadores subclínicos e quando atingem a maturidade sexual, tornam-se transmissores da bactéria causadora da MCE.

quinta-feira, 3 de março de 2016

Travagem (Palatite)

Travagem é o processo inflamatório crônico no palato duro próximo a face interna dos dentes incisivos superiores.
A principal causa para o aparecimento da atravagem são os constantes traumas na região causados por alimentos grosseiros como grãos de milho inteiro, ou pelo habito de morder madeira ou outros objetos (aerofagia).
 Os animais com essa afecção geralmente apresentam mastigação lenta e dolorosa, o que acaba levando a um emagrecimento progressivo. Ao se observar a boca, nota-se que a mucosa do palato ultrapassa a linha incisiva superior, e adquire consistência firme.
Cirurgicamente, o que deve ser feito nesses casos, é a ressecção do excesso de palato para em seguida se promover uma cauterização local. Para que o animail não sinta as dores do procedimento, uma anestesia local com lidocaína injetada da a partir do forame infra-orbitário se faz necessária, além de sedação naqueles animais mais inquietos.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Pontas dentárias

Uma das alterações mais visualizadas nos equinos são as pontas dentárias, causadas por desgaste irregular dos pré-molares e molares. Esse desgaste pode ser causado pela mastigação em excesso de alimentos muito fibrosos, ou por imperfeita disposição anatômica da linha de oclusão dental.
As pontas são pequenas e pontiagudas, e podem ferir a mucosa oral ou mesmo a língua do animal, dificultando a mastigação, o que pode gerar alterações em toda a digestão do cavalo, visto que com a trituração insuficiente dos alimentos porções maiores de forragem e grãos chegarão ao estômago, ceco e cólon desse equino, podendo gerar compactações, e dificultando a ação das bactérias fermentativas, sendo ambas as situações, predisponentes diretos da cólica.
Expondo a mesa dentária inferior e superior com auxílio de um abre-bocas, é possível através de avaliação visual e passando-se o dedo sobre os molares e pré-molares, verificar a presença das formações puntiformes.
O tratamento é simples, e baseia-se na passagem de grosa dentária sobre a mesa molar inferior e superior, para que se desgaste as pontas, corrigindo o problema.
 
 

 

 

 

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Manejo do garanhão

Na semana passada falamos do efeito da sazonalidade sobre o cio e as ovulações da égua. Pois bem, nos machos, essas estações têm influência no tamanho do testículo e produção de espermatozoides. Apesar disso, a viabilidade desses espermatozoides não é prejudicada, e o garanhão em condições fisiológicas, apresenta-se fértil durante todo o ano.
Quando for se selecionar o animal que servirá a fazenda como garanhão, deve se levar em conta alguns aspectos importantes tais como:
  • Performance em pista
  • Libido (interesse pelas fêmeas)
  • Caráter e temperamento (O animal deve ser ativo, porém não agressivo)
  • Saúde do animal
  • Fertilidade (Se o animal tem a capacidade de promover gestação na égua)
  • Transmissibilidade (Deve-se avaliar através dos filhotes desse cavalo, se o animal tem capacidade de repassar suas boas características as suas crias)

Entre 11 e 15 meses de idade, o cavalo está na puberdade, e já apresenta espermatozoides no ejaculado, porém, o animal só é considerado pronto para a reprodução com 2 a 3 anos de idade.
Ao se iniciar o uso do jovem cavalo como garanhão pode-se utilizar a seguinte esquema:
  •  1ª estação de monta da tropa: Promover 1 ou 2 coberturas por semana com apenas uma égua.
  • 2ª estação de monta: Garanhão já poderá cobrir 2 éguas, realizando 3 a 4 coberturas por semana.
  • A partir dos 3 anos de idade: O animal já pode ter uma maior frequência de coberturas, mas sempre respeitando os limites fisiológicos dos animais. Pode se realizar até 6 cobrições por semana, sendo uma por dia com um dia de descanso entre uma semana e outra, ou realizar 2 coberturas/dia em dias alternados, atingindo dessa forma 8 coberturas por semana.

É importante lembrar que a higienização de pênis e prepúcio do garanhão antes de se promover coberturas ou coleta de sêmen, com água abundante e sabão neutro é fundamental, para se evitar impurezas no ejaculado que podem prejudicar a fertilidade do animal.


segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Estação de Monta e esquema de coberturas

Entre novembro e março, período de primavera e verão, onde os dias geralmente são mais longos principalmente nos locais onde se tem sazonalidade bem definida, ocorre a estação de monta dos equídeos, que é o momento mais adequado para se promover monta natural, assistida, ou inseminação artificial nas éguas da tropa. Mas, porque esse período? O que acontece de especial nesses meses com as éguas?
Bom, os equinos são animais “fotoperiódicos positivos”, o que quer dizer que o aumento da luminosidade captado pelos olhos otimiza produção de hormônios reprodutivos “LH e FSH”. Caso você seja veterinário ou estudante de veterinária, já deve saber que esses hormônios vão promover crescimento folicular e maturação dos folículos, gerando cio e ovulação da égua. Não entraremos em detalhes, mas o fato é que essa estação está ligada ao aumento da luminosidade que favorece as características reprodutivas da fêmea.

Nesses meses, espera-se que a égua tenha vários ciclos estrais de 21 dias aproximadamente, onde se tenha em cada ciclo, um cio com duração média de 7 dias, sendo geralmente mais curto (2 a 4 dias) em éguas mais jovens, e mais longo nas mais velhas (8 a 9 dias). Essas informações são muito importantes para se saber o momento certo de realizar a monta ou inseminação, isso porquê a ovulação ocorrerá de 24 a 48 horas antes do fim do cio, e esse é o momento em que se deve introduzir espermatozoides viáveis na égua para que se tenha a fecundação, ou seja, nessa hora é que se deve realizar a cobertura.

Seguindo essas informações e com utilização de um rufião para detecção do cio, pode se realizar o esquema de coberturas ou inseminações a seguir:

1-      Em éguas jovens, promover inseminação ou cobertura no primeiro dia de cio, e seguir repetindo o processo dia sim, dia não até que a égua não aceite mais rufião ou garanhão.

2-      Nas éguas mais experientes reprodutivamente, deve-se promover cobertura ou inseminação dia sim, dia não a partir do terceiro dia do estro, até que a égua saia do cio.

Existem outros esquemas de cobertura utilizados que também são comprovadamente eficazes, porem todos seguindo os mesmos princípios visando se acertar o momento correto de promover cobrição e se conseguir a prenhez.
A partir do 15º dia após o fim do esquema de cobertura, se repete a passagem do rufião diariamente. No caso de retorno ao cio, a égua não está prenhe, e deve-se repetir a cobertura ou inseminação, já no caso da fêmea não aceitar o rufião, temos prenhez diagnosticada, que pode ser confirmada por palpação retal e ultrassonografia para se verificar presença de corpo lúteo (estrutura que permanecerá liberando progesterona para manter a gestação até o 4º ou 5º mês, quando a placenta assume esse papel). Todos esses exames devem ser repetidos aos 20, 30, 45 e 60 dias após cobrição para verificar se a égua “segurou” a gestação nesse período inicial que é mais fácil de se ocorrer perda da cria.